Hermes Fernandes

O caminho ideal escolhido por Deus para que o homem/mulher encontrem prazer é sempre a dois, e não sozinho. Conquanto este seja o caminho ideal, há que se admitir que o auto-erotismo (masturbação) tem sido uma prática muito mais presente do que geralmente se confessa.

É ou não pecado se masturbar?

O que a Bíblia diz sobre o assunto?

A resposta é: nada.

A bem da verdade, a tradição religiosa, baseada em uma errônea interpretação do episódio de Onã , que interrompia o coito, derramando seu sêmen no chão, tem classificado essa prática entre os mais terríveis pecados. Deus não castigou Onã simplesmente por interromper seu coito, e sim porque ele assim agia por saber que o fruto daquela relação seria contado como descendência de seu irmão, e não dele. Além do mais, Onã não estava se masturbando, e sim interrompendo a relação. Fora essa passagem, não há qualquer outra que fale direta ou indiretamente sobre ejacular fora da relação sexual.

Diante do silêncio da Bíblia, o que devemos fazer?

Em decorrência disso, temos a liberdade de lançar mão das recentes descobertas científicas acerca do assunto.

A masturbação é um fenômeno comportamental que pode ser verificado em pessoas de todas as faixas etárias. Na infância ela surge como uma forma de descoberta progressiva do corpo, e é considerada pelos psicólogos como uma fase natural da evolução da sexualidade. Ninguém tocar alarde por flagrar uma criança brincando com seus órgãos genitais. Isso é simplesmente natural. 





Mas é na adolescência que a masturbação atinge sua maior incidência. Essa fase é caracterizada por uma explosão dos hormônios, o que faz com o adolescente se sinta impulsionado a masturbar-se.

Tal prática é também encontrada entre indivíduos adultos, e até casados. Principalmente quando privados da presença do cônjuge por um longo espaço de tempo. Há também aqueles cujos cônjuges ficaram inutilizados por alguma enfermidade ou acidente, e para manterem-se fiéis a estes, preferem masturbar-se.

Alegar que tal prática dá espinhas, ou provoca qualquer tipo de anomalia psíquica, não passa de mito, e já não convence nossos jovens de evitá-la.

Masturbar-se não faz mal à saúde. Mas pode fazer mal à alma.

O problema não está na fricção que se faz no órgão sexual para se obter prazer. O problema está no tipo de pensamentos fantasiosos que é alimentado durante o ato. Ninguém se masturba pensando em futebol, nem na mensagem que foi pregada no último domingo. Geralmente, imagina-se situações eróticas com pessoas conhecidas. E é aí que mora o problema. Principalmente quando a personagem da fantasia é uma pessoa casada.

Estímulos externos, como revistas pornográficas, sites eróticos, ou coisa semelhante, também são condenáveis por Deus, porque reduzem o ser humano a um mero objeto de prazer.

Para que o ser humano não se enveredasse pelo caminho do auto-erotismo, Deus criou um mecanismo através do qual ele pudesse aliviar suas tenções, descarregando sua libido. Trata-se dos chamados sonhos eróticos. Robinson Cavalcanti conclui: “Como manifestações normais da sexualidade, os sonhos noturnos, antes de algo condenável, são uma excelente ajuda para a castidade”. Ninguém deve se sentir culpado por causa de tais sonhos. Deus os permite para que ninguém necessite buscar alívio de outra maneira.


Ninguém deve ser esmagado pela culpa por incidir vez ou outra no auto-erotismo. Cristo está sempre pronto a perdoar e restaurar. Nas há casos em que a masturbação vira um vício. Há homens casados que preferem masturbar-se a ter relação com suas esposas. Isso é patológico. Quem assim age deve se arrepender, e abandonar tal prática.

Não obstante, ninguém deve fazer disso um cavalo de guerra. Principalmente, quando se está lidando com adolescentes.

Nossos filhos devem ser orientados com singeleza e amor acerca do assunto. Não devemos por sobre eles um peso que nós mesmos não conseguimos carregar. Isso é farisaísmo, altamente condenado por Deus.

É claro que não devemos estimular a prática da masturbação. Devemos proteger nossos filhos do lixo pornográfico que inunda a Internet, e das publicações livremente vendidas nas bancas de jornais. Permitir que tal material entre em nossa casa é profanar a santidade de nosso lar. A melhor coisa a fazer é ensinar a nossos filhos o caminho da santificação, da castidade. Quanto ao sexo, eles poderão praticá-los na hora certa, quando encontrarem a pessoa certa, e se casarem. Pode parecer careta para os valores atuais. Mas essa é a recomendação bíblica.


Devemos também ensinar-lhes que os sonhos eróticos são o meio estabelecido por Deus para que eles descarreguem sua libido. E que o prazer obtido nesses sonhos é muito maior do que o obtido pela masturbação. E que, masturbando-se, eles estarão se privando dos sonhos. Estarão trocando um prazer legítimo e maior, por um prazer menor, e carregado de culpa.