Os padres da paróquia de Arapiraca, Luiz Marques Barbosa, Raimundo Gomes e Edílson Duarte, serão julgados pelo crime de pedofilia na próxima sexta-feira (8), às 9h, na Vara da Infância e da Juventude de Arapiraca. Eles são acusados de molestarem os coroinhas Fabiano Silva Ferreira, Cícero Flávio Vieira Barbosa e Anderson Farias Silva, conforme denúncia apresentada à 8ª Vara Criminal, em março de 2010, pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL).

Para o MP, os sacerdotes se aproveitaram do poder que detinham para explorar sexualmente os coroinhas. Eles podem pegar penas de até sete anos de prisão, como prevê o artigo 244-A, da Lei 8.069/90. As investigações apontaram que eles teriam prometido vantagens econômicas às supostas vítimas.
De acordo com o juiz João Luiz de Azevedo Lessa, que irá comandar o julgamento, o processo tem quatro volumes com mais de mil páginas e é “muito complexo”. Ele disse que a sentença deve ser proferida em até cinco dias após o início.

“Só do lado dos sacerdotes serão mais de 20 testemunhas. Teremos que ouvir todas elas e colocar seus depoimentos no papel. Sem falar nos depoimentos das supostas vítimas e dos acusados. Então, o julgamento deve demorar mais de um dia, já que os advogados devem apresentar suas alegações legais finais por escrito, o que aumenta o tempo de julgamento”, informou.

Segundo alegou ano passado o advogado Daniel Fernandes, que fazia a defesa do mosenhor Luiz Marques, as relações sexuais filmadas eram consentidas e rejeitou que se trate de pedofilia. Ele assegurou que os jovens tentaram extorquir o religioso e até assinaram um documento no qual se comprometiam a não divulgar o vídeo em troca de dinheiro.

Também são denunciados os padres Edílson Duarte e Raimundo. O primeiro confessou, durante da CPI da Pedofilia, a prática de sexo com dois corinhas, enquanto o segundo negou veementemente qualquer prática sexual. Em razão do escândalo, o bispo diocesano de Penedo, Dom Valério Breda, decidiu afastar os religiosos denunciados de suas funções eclesiásticas.


CPI da Pedofilia
Em decorrência do escândalo, os três sacerdotes foram intimados para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia. O presidente, senador Magno Malta (PR-ES), ouviu os depoimentos dos três suspeitos e os confrontou com os coroinhas.


No dia 04 de abril do ano passado, após prestar depoimento, o monsenhor Luiz Marques foi preso. No Fórum de Arapiraca, ele admitiu que mantinha relação sexual com ex-coroinhas. Por terem mentido durante os depoimentos, Maria Isabel e José Reinaldo, respectivamente secretária doméstica e motorista do religioso, também tiveram as prisões decretadas pelos integrantes da CPI da Pedofilia.

Durante o depoimento, antes de ter a sua prisão decretada, Luiz Marques frisou: "Jesus disse: 'me tiraram a roupa, me cuspiram e me crucificaram. É isso que está acontecendo comigo. Talvez eu que tenha me crucificado. Queria que vocês atendessem ao meu clamor: perdoem-me”, solicitou.

Já o padre Edílson Duarte, admitiu que manteve relações sexuais com dois ex-coroinhas, pagando-os com o dízimo dos fiéis. A revelação bombástica, que deixou os arapiraquenses estarrecidos, foi concedida ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia da Pedofilia, senador Magno Malta.
“Sim, tive relações sexuais com dois deles, Fabiano Silva Vieira e Cícero Flávio Vieira Barbosa. Menos com o Anderson”, frisou o sacerdote. E ao ficar diante de Edílson Duarte, o ex-coroinha Fabiano salientou que manteve a primeira relação sexual na concatedral de Arapiraca, quando ele tinha apenas 16 anos.
Ainda durante o depoimento, o senador pediu para que o padre olhasse para os presentes ao Fórum de Arapiraca e o questionou: "o senhor pagou aos ex-coroinhas com dinheiro do dízimo"? Visivelmente desconcertado, padre Edílson Duarte admitiu que "sim", baixando a cabeça posteriormente.

Repercussão internacional
À época, as denúncias ganharam repercussão internacional. O portal português A Bola, por exemplo, destacou que o caso “ganhou proporções de escândalo”. O Diário de Notícias, de Portugal, disse que a denúncia aconteceu no Brasil, que é o “maior país católico do mundo”.

A rádio Vaticano também destacou, em seu site, o escândalo de Arapiraca. A emissora assegurou que “nenhum bispo brasileiro está envolvido no episódio de abusos contra menores, emergido dias atrás no Brasil”.

A Agência France Press (AFP), uma das maiores do mundo, deu grande ênfase ao assunto e trouxe matéria entrevistando o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi. O texto traz trechos do diálogo do vídeo onde o monsenhor Luiz Marques Barbosa, aparece fazendo sexo com um jovem de 19 anos. A AFP ainda diz que “este caso se soma a uma série de denúncias de pedofilia na Igreja”.

Entenda o caso
Os denúncias de casos de pedofilia em Arapiraca vieram à tona depois que o programa do SBT, Conexão Repórter, veiculou uma reportagem revelando o caso. Em um trechos da matéria, um vídeo mostrou o monsenhor Luiz Marques Barbosa, de 82 anos, mantendo relações sexuais com um jovem de 19 anos.


A gravação teria sido realizada em janeiro de 2009, por outro jovem que também teria sofrido abusos, segundo as denúncias apresentadas pelo programa do SBT. O jovem contou que desde os 12 anos, quando entrou para a Igreja Católica, era alvo do assédio sexual do monsenhor. O caso consternou a opinião pública brasileira e gerou uma onda de denúncias de novos casos na imprensa e na polícia.


Povo da Irlanda Fica indignado com a Carta do Papa

Fonte: Tudo na Hora
www.escandalodagraca.com